Apesar de antiga, a mítica série de Akira Toriyama apenas nos últimos anos viuo seu potencial ser verdadeiramente aproveitado no que toca aosvideojogos. A par de algumas pérolas lançadas no Gameboy Advance, ojogo que realmente revitalizou esta licença foi DBZ: Budokai para aPS2, jogo esse que teve direito a duas sequelas que tentaram melhorarainda mais a excelente fórmula do título original. Após o terceirocapítulo, essa série cedeu o lugar a Budokai Tenkaichi, um jogototalmente diferente (o uso do nome Budokai fora do território japonêsdeve-se apenas a uma estratégia de marketing), que talvez por issodividiu as opiniões dos fãs que esperavam por um Budokai 4.Ainda assim, esta nova abordagem conquistou rapidamente a sua próprialegião de fãs, pelo que não é de estranhar que também esta já vá no seuterceiro capítulo. Se é o último ou não, à semelhança do franchiseBudokai que se ficou pelos três jogos, ainda não sabemos, mas que estalicença já está a precisar de mais uma “abanão”, lá isso é verdade.Isto não quer dizer que as novidades não existam, até porque o sistemade luta sofreu algumas alterações que vieram dar mais profundidade auma mecânica de jogo que já foi muitas vezes apelidada de básica emcomparação com a da série Budokai. Novos movimentos como o Sonic Swaypermitem-nos bloquear ou desviar dos ataques inimigos para rapidamentecontra-atacar, e a adição do Z-counter aproxima ainda mais o jogo dasérie animada, permitindo-nos escapar aos ataques através doteletransporte, desaparecendo e reaparecendo atrás do nosso oponente.Melhor ainda, uma vez dominada esta técnica é mesmo possívelteletransportarmo-nos e atacarmos em sucessão, atirando o adversáriopelo ar e reaparecendo novamente atrás dele para o espancar semmisericórdia. Claro que agora praticamente todos os ataques podem serbloqueados ou contra-atacados, e este não é excepção, por issomantenham-se atentos porque basta algum timing da parte do vosso adversário para este virar o feitiço contra o feiticeiro, por assim dizer.O reverso da medalha é que este novo sistema de combate atingiu umacomplexidade tal que quem só agora é introduzido à série vai sentir-seintimidado com todos os movimentos que obrigatoriamente tem de dominarpara fazer frente à nova e implacável IA. Os fãs de button mashingpodem encontrar algum consolo a martelar furiosamente o quadrado paradesferir murros e pontapés, mas se não souberem gerir o Ki e,principalmente, dominar o novo sistema de defesa, não têm qualquerhipótese. Felizmente, como é apanágio da série, existe um excelentetutorial, mas mesmo assim é preciso dedicação para assistirem àsinúmeras lições que vos são apresentadas.Onde não se pode inovar é na história que se pretende contar, uma vezque esta é sempre a mesma. Por isso mesmo desde que foi lançado oprimeiro Budokai, que sempre se procuraram novas formas de contar amesma história mas de uma maneira diferente, de modo a não se tornardemasiado repetitivo. Os últimos esforços neste sentido resultaram nonovo Dragon History, o modo principal deste Tenkaichi 3, que recria asvárias sagas deste universo, cada uma composta por várias batalhas maisou menos famosas.Novas medidas foram tomadas para tornar a experiência mais autêntica, como as cutscenesque agora estão integradas nos próprios combates, renderizadas pelomotor de jogo, ou os vários diálogos que podemos ouvir enquantolutamos, com o nosso adversário a mandar “bitaites” ou um dos nossoscamaradas a encorajar-nos para não desistirmos. Apesar de interessante,para um modo de jogo considerado principal, este Dragon History ébastante curto, muito devido à inexplicável ausência de muitas batalhaspresentes nos jogos anteriores e que aqui foram omitidas, por isso nãocontem perder muito tempo neste modo.Contudo não se preocupem, porque oque não faltam são outros modos de jogo para vos ocupar o tempo.Destacam-se o Dragon World Tour, onde podem participar em váriostorneios, o Mission 100 onde lutam contra equipas predeterminadas deadversários ou o interessante Sim Dragon, onde têm 10 dias paratreinar, descansar ou explorar o mundo com a vossa personagem, ganhandoou perdendo energia ou capacidades de luta. Findo esse tempo é hora delutar, e por cada batalha ganha amealham preciosos pontos que podemgastar no modo Evolution Z, que tal como no jogo anterior nos permiteequipar as personagens com itens que melhoram as suas capacidades.Para compensar a ausência do modo online presente na versão Wii foiintroduzido o Disc Fusion, uma opção que nos permite desbloquear doisnovos modos de jogo desde que tenhamos os anteriores Tenkaichi 1 e 2,mas que de nada serve a quem só agora toma contacto com a série e a quemesmo os fãs de longa data não devem dar muita importância.Dignas de menção são as novas adições à já impressionante lista delutadores, que conta agora com cerca de 160 personagens, incluindoalgumas que os fãs pediam à muito, como o Son Goku em pequeno.Multiplicando os lutadores pelos modos de jogo, é fácil verificar queexiste aqui muito material para os fãs se entreterem, algo que de restonão é difícil de fazer quando se recicla quase tudo de uns jogos paraos outros.Graficamente não existem novidades a assinalar, o que não é de admirartendo em conta que já não se pode fazer muito mais com o hardware daPS2. Ainda assim, isto não é de forma alguma um factor negativo, umavez que os visuais deste jogo são de elevada qualidade. Todas aspersonagens estão bastante detalhadas e recriadas ao pormenor, oscenários continuam expansivos e destrutíveis e alguns apresentam mesmodiferentes fases do dia, e os efeitos especiais dos ataques continuamtão impressionantes como sempre (o kame-hame nunca teve tão bomaspecto).Infelizmente a banda sonora original da versão japonesa voltou a ficarde lado, algo que tem vindo a decepcionar os fãs ocidentais do jogo, eainda não é desta que podemos contar com as brilhantes vozes dadobragem da série em Português (quem sabe um dia...). Brincadeiras àparte, o diálogo presente, tanto nos menus como durante os combates, éde qualidade, pelo que só mesmo a banda sonora mancha o plano do som.Feitas as contas, o que temos aqui é quase que um capítulo definitivoda série Tenkaichi. Existem personagens, cenários e modos de jogosuficientes para ocupar os jogadores durante muito tempo, e o novosistema de combate promete calar aqueles que se queixavam da suasimplicidade e falta de profundidade. Ainda assim, sente-se a falta doonline, e no final não podemos ignorar a avassaladora sensação de déjà vuque sentimos ao jogar este Tenkaichi 3, que no fundo, mesmo com asnovidades que oferece, continua a assemelhar-se demasiado com osantecessores.Por isso mesmo só o posso recomendar aos fãs mais ferrenhos ou a quemnunca jogou outro título da série. Os restantes fazem melhor emaguardar por um novo jogo, quem sabe o primeiro de uma nova série, querevolucione novamente a forma como jogamos Dragon Ball. |
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